A falsa noção da idéia de posse

“De tudo o que der, você atrairá de volta o equivalente. Você demonstra quem realmente é em seu semblante e ações, e os outros sentem a vibração que está por trás e a ela responde. Se você der um exemplo de egoísmo mau, os outros vão querer tirar tudo o que é seu. Mas se agir de modo oposto, verá que todos tendem a ser generosos com você. Suponhamos que você me dê sua bengala predileta e em troca eu também queira lhe dar algo. Mas minha mente diz: Não se desfaça do seu guarda-chuva, mesmo sabendo que ele o admirou. Daí eu raciocino: Mas ele gostava muito da sua bengala e mesmo assim a deu para mim; então quero retribuir com alguma coisa que me seja valiosa. Este é o espírito que predomina quando uma pessoa demonstra altruísmo.

Você não pode possuir nada. Só recebe permissão temporária para usar as coisas deste mundo. Um dia terá que se separar de tudo – por acidente, roubo, deterioração ou morte. Assim, quando tenta se apegar a alguma coisa ou guardá-la só pelo fato de possuí-la, está enganando a si mesmo.

Um dia você terá que deixar para trás até a casa corporal em que tem vivido há tantos anos. Por isso é errado impor à alma a convicção de possuir alguma coisa que jamais poderá possuir. Quando algo lhe é dado, saiba que é por pouco tempo, e esteja disposto a repartir com os outros.

Há grandes problemas ocultos no fato de você cobiçar mais do que precisa. O Gita diz: Experimenta a paz a pessoa que, abandonando todos os desejos, leva a existência sem anseios e sem se identificar com o ego mortal e seu sentido de posse. É claro que você precisa das necessidades necessárias como alimento, roupas e alguma segurança material; mas ao ter aspirações por essas coisas, omita as necessidades desnecessárias – os desejos insistentes que se impõem cada vez mais.”

Paramahansa Yogananda